08 agosto 2013

Pau-de-Arara Paulistano I Hermes Machado

O metrô bem poderia chamar-se pau-de-arara  paulistano
A observar a falta de indulgência
Em cada metro ocupado por gente
Em solo repimpado das estações emperradas

Não há dignidade no metrô de São Paulo,
Aqui mais uma vez, a Economia se sobrepõe
Quanto menor o número de composições
Maior é o lucro - povo - é moeda -  é caça níquel
A ética, a moral e a lei são usurpadas dos cidadãos

Quem de vocês não já vivenciou neste cenário?
Pessoas desmaiadas e arrastadas em meio ao tumulto
Horas em filas, amontoados de gentes sem perspectiva
Ao bel prazer de iniciativas que não saem do papel.
É certo que grandes metrópoles agonizam nesse caos

Quem sabe um dia não tenhamos a mudança de paradigma
E o trabalhador não precise mais se locomover de casa para o trabalho
De outro modo, viveriamos num tempo em que o patrão faria incursões
Do trabalho para a casa de cada um de seus colaboradores

E as composições de metrô seriam espaços ocupados 
Por artistas  independentes apresentando suas performances ou,
 Por pessoas comuns que sairiam para as compras aos centros comerciais
Ou se locomoveriam aos parques para um piquenique.

Estação Sé do metrô - São Paulo

Estação Sé do metrô - São Paulo - SP


Hermes Machado é escritor paulistano que vive na Baixada Santista. Antes de iniciar a carreira literária atuou como guia para congressos nos Estados Unidos, foi executivo de empresas e gestor de negócio próprio. É autor do romance Vitória na XXV, possui contos e crônicas em sites e jornais impressos no Brasil e exterior.