17 março 2012

Tupiniquim no botequim I Hermes Machado

Tupiniquim no botequim I Recanto das Letras 

 Não entendo o porquê,
De tanta negligência, tanto descaso,
Por que é tão escassa a civilidade
e tão latente a impunidade?

Àqueles que deveriam zelar por ela
àqueles que deveriam ser exemplos
Tanto para o  incauto quanto para o inculto
aqui e em outros recantos do Brasil.
Sorte minha ter alguma fluência em Francês

Assim, vejo claro o porquê de Charles de Gaulle
ter dito que o Brasil não é um país sério,
Entendo, apesar da falta de decoro,
o porquê de Jérôme Valcke ter dito
que os organizadores da copa de 2014
precisam levar um pé no traseiro.

Aqui no boteco com minha caninha, estou sóbrio.
E não venham vocês me dizerem que
Todos iremos um dia comprar um AP em Paris
porque o Brasil ultrapassará a França,
tornando-se a quinta nação mais rica do globo.

Porque não vou trocar meu rabo de galo por champagne
Viajar pelo Brasil me dá a melancólica certeza,
de que a miséria ronda-nos pelos cinco cantos.
Ser o 84º em IDH não me traz orgulho de ser tupiniquim.

Ver o gigante Tupy com suas cadeias produtivas definharem
Dar lugar a especulação economica estrangeira,
Me faz crer que esta terra esteve, está e...
Sempre estará sob domínio de capital externo.
Allez Bresil!

Hermes Machado é escritor paulistano que vive na Baixada Santista. Antes de iniciar a carreira literária atuou como guia para congressos nos Estados Unidos, foi executivo de empresas e gestor de negócio próprio. É autor do romance Vitória na XXV, possui contos e crônicas em sites e jornais impressos no Brasil e exterior.

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